segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Faro de Morte


Oscar, o gato, não é lá muito amigável com quem ainda tem um pouco de saúde na ala dos pacientes terminais. Geralmente ele fica alheio às pessoas ao seu redor. Passeia pelos corredores e até entra nos quartos, mas nunca fica lá dentro. Ou melhor, quase nunca. Ele se afeiçoa a alguns poucos pacientes - sobe na cama e se enrola perto deles. Ronrona serenamente. Em 4 horas, no mais tardar, o eleito de Oscar já não estará no reino dos vivos. Oscar até hoje não falhou. Foram 25 visitas e 25 mortes. Parece uma história barata de terror, dessas que se valem de mitos e preconceitos ancestrais para demonizar os pobres felinos. Mas não: os pormenores do caso foram narrados na New England Journal of Medicine, uma das mais conceituadas publicações médicas do mundo. O autor do texto é o geriatra David Dosa, que trabalha na unidade de demência terminal do Hospital Rhode Island, em Providence, EUA. Lá ele teve a oportunidade de observar as andanças infalíveis do gatom Oscar. Do periódico acadêmico, Oscar saltou para as manchetes do mundo todo, algumas sensacionalistas. Antes que a reputação do gato seja arranhada, é preciso deixar claro que Dosa descartou qualquer hipótese sobrenatural e nunca acusou Oscar de causar óbitos. Ainda não há estudos específicos sobre a habilidade desse felino. Assim, o doutor David Dosa já se acostumou a ouvir gente chamar o gato de "anjo" ou "anjo da morte". "Se as enfermeiras encontram Oscar num quarto, elas nos informam. Sele ele entra e fica, os parentes do paciente são chamados", diz o geriatra. E, se a família é religiosa, convoca-se um sacerdote para prestar os últimos ritos. Ela não vai perder a viagem.

Fonte: Superinteressante
Texto: Paula Scarpin e Ivan Paganotti
Para Saber Mais: A Day in the Life of Oscar, The Cat, artigo de David Dosa para a New England Journal of Medicine: content.nejm.org/cgi/reprint/357/4/328.pdf

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