domingo, 21 de outubro de 2007

100 Anos de Existência do Souza Aguiar


O nº 111 da Praça da República vai comemorar um século de existência no dia 7 de novembro. Lá funciona um dos endereços mais nervosos do Rio de Janeiro: o do Hospital Municipal Souza Aguiar, maior Emergência da América Latina. Pela Emergência, o coração da unidade, passam, diariamente, 5 mil pessoas, entre médicos, enfermeiros e pacientes. Com 2.100 funcionários, o Souza Aguiar funciona como uma ‘cidade’. A capacidade de armazenamento de água, por exemplo, é de 1,2 milhão de litros, o suficiente para abastecer localidades de até 10 mil habitantes, como Macuco, Rio das Flores ou Trajano de Morais. O atual ‘prefeito’ é o cirurgião-geral Josué Kardec, 47 anos, 25 deles no Souza Aguiar. “No ano do centenário, vamos dar continuidade ao que já fazemos bem e tentar melhorar o que não fazemos bem. O conceito de ideal pode ser inatingível, mas vou buscar sempre o melhor para o hospital”, promete ele. Dos 580 médicos da unidade, o cirurgião-geral Renato Rocha Passos, 73 anos, talvez seja o mais experiente. Ele até tentou se aposentar em 1995, mas não conseguiu. “O que posso fazer se nada me dá mais prazer do que ensinar o que sei aos novos cirurgiões?”, indaga ele. Mas a história do Souza Aguiar não se limita ao receituário dos doutores. Getúlio Nunes do Couto, 57 anos, nunca estudou Medicina, mas já cansou de ser chamado às pressas no hospital. Ele é chefe da manutenção elétrica, mecânica e hidráulica e também o funcionário mais antigo. “Minha mulher não sente ciúmes de mim porque sabe que tenho mais tempo de hospital do que de casado”, brinca. Médicos ou não, todos no hospital têm o seu plantão inesquecível. O do chefe da cirurgia-geral, Antônio Pantaleão Júnior, é o do Réveillon de 2000, quando um acidente com fogos em Copacabana matou uma pessoa e feriu 48: “As pessoas chegavam sujas de sangue, areia, pólvora e estilhaços de PVC”. Pantaleão não era nascido quando o cirurgião Oscar Brandão Lira, 75 anos, já prestava socorro no hospital. Ainda hoje, não esquece de um acidente de trem ocorrido em 1954, na Estação Primeira da Mangueira. Só de mortos, foram 148. “O presidente Juscelino Kubitschek veio do Palácio do Catete para prestar solidariedade às famílias dos mortos”, lembra. Truque para angariar simpatia. O coronel do Exército Antônio José de Souza Aguiar, 71 anos, já está acostumado com a cara de espanto que fazem quando ele pronuncia o seu nome completo. “Ah, o senhor é parente do dono do hospital?”, indagam. “Não, sou neto do Souza Aguiar”, costuma responder. “Ah, o seu avô era médico, não?”. Não, Francisco Marcelino de Souza Aguiar foi tudo, menos médico.

Fonte: O Dia
Texto: André Bernado

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