sábado, 22 de setembro de 2007

Meninos Soldados


Sem crianças, não se fazem guerras. São elas que limpam campos minados, entregam mensagens sob fogo, prestam favores sexuais. E se você estava preocupado com a violência dos videogames, bem a realidade é muito pior. Em janeiro neste ano, o Tribunal Criminal Internacional (ICC, na sigla em inglês) anunciou que dará início ainda em 2007 a seu primeiro julgamento. Na cadeira dos réus estará Thomas Lubanga Dyilo, 46 anos líder da União de Patriotas Congoleses, que tomou parte na guerra civil de seu país. Seu maior crime: recrutar menores de 15 anos como soldados e fazer com que participem ativamente em hostilidades", disse o juiz Claude Jorda ao tribunal. Na estimativa da ong britânica Human Rights Watch, algo entre 200 000 e 300 000 crianças participaram atualmente de guerras em 21 países em todo o mundo. Estão concentradas na África, onde lutam mais de 100 000 crianças, mas escapam a qualquer estereótipo. Podem ser encontradas tão longe quanto no Nepal, nas guerrilhas maoístas e tão perto quanto na Colômbia, onde estão em guerrilhas de esquerda e grupos paramilitares de direita. Um menino palestino armado com bombas - em março de 2004 a Força de Defesa de Israel prendeu um suicida de 12 anos a caminho de uma missão - é considerado combatente infantil. O Exército russo pôs rapazes de 14 anos para lutar na Chechênia. Parte da mudança de postura tem nome: Ishmael Beah. Seu livro - Muito Longe de Casa, lançado neste ano, é o primeiro testemunho para o público geral de como é ser um menino-soldado. Capturado pelo Exército de Serra Leoa aos 13 anos, Beah lutou até os 16. Por causa de sua capacidade de expressão, foi escolhido porta-voz das crianças levadas para a guerra. Falou à Assembléia Geral da ONU, a chefes de Estado, a grupos de diplomatas com condições de interferir e deu visibilidade ao problema.
Foto acima: Ismael Beah

Fonte: BEAH, Ismael. Muito Longe de Casa. São Paulo: Ediouro, 2007.

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